Beneficiária de laringe eletrônica voltar a projetar a voz após receber o dispositivo no Hospital de Oncologia do Maranhão

 

Com a laringe eletrônica, dispositivo que permite a produção de fala da paciente a partir da produção de vibração pelo aparelho, Maria Deusa Lima de Sousa, de 62 anos, natural de Imperatriz, voltou a projetar a voz. A paciente, assistida pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), foi a primeira beneficiária da laringe eletrônica entregue, nesta terça-feira (24), no Hospital de Oncologia do Maranhão.

“Para além de diagnosticar e tratar, a missão do Hospital de Oncologia também é reabilitar para que o paciente retorne seguro e com autonomia para a sociedade. Nós só podemos imaginar o sofrimento dessas pessoas que perdem a voz, por isso a emoção delas de poder voltar a poder verbalizar e expressar suas vontades que não seja só por escrito, faz com que este momento seja um marco”, disse o diretor técnico do Hospital de Oncologia do Maranhão, Leoberth Araújo.

Tudo começou quando Maria Deusa, depois de receber atendimento na sua cidade de origem, precisou ser encaminhada para o hospital de tratamento ao câncer da SES, em São Luís, devido a suspeitas médicas, em dezembro de 2023. Após a consulta e biópsia, veio a confirmação para câncer na região da laringe e com isso o tratamento quimioterápico e radioterapia.

Apesar do tratamento intensivo, a paciente precisou ser submetida a cirurgia de laringectomia total, em maio deste ano, procedimento que consiste na remoção total da laringe e das cordas vocais e que foi realizado pelo cirurgião de cabeça e pescoço Gaudêncio Barbosa e equipe.

O hospital da rede estadual de saúde fez a aquisição de uma laringe eletrônica, pois até então, para se comunicar, Maria Deusa Lima de Sousa usava papel e caneta e também um tablet de escrita rápida.

“Muito feliz porque vai me ajudar no dia a dia, a conversar com o meu marido e também com quem não sabe ler. Obrigado a todos e que Deus abençoe”, disse a paciente depois de comentar que finalmente o marido vai poder lhe entender melhor.

“A gente entende a importância da voz não só para os pacientes, mas para todos nós que precisamos socializar, nos comunicar e trabalhar. A nossa voz é a nossa identidade, é o nosso instrumento de comunicação, de socialização. Então é muito emocionante a gente devolver essa voz a esses pacientes que perdem a possibilidade de falar. Hoje é um dia muito especial para mim, porque é uma conquista”, afirmou a médica fonoaudióloga e titular do Ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital de Oncologia, Camila Viana.

Márcia Cristina Silvia Carvalho, de 50 anos, acompanhou a vizinha e amiga durante a instalação do dispositivo. “Ela é madrinha da minha filha. É tão querida que a minha filha se mudou para a casa dela a fim de ajudar no que fosse preciso. Todo o tempo assim, aqui junto com ela. Pedindo a Deus e agradecendo que ela voltou”, compartilhou.

 

Laringe eletrônica

 

A laringe eletrônica é um dispositivo eletrônico, recarregável, que ao ser acoplado/encostado no pescoço do paciente ele gera uma vibração, substituindo as pregas vocais, que com articulação de palavras permite o usuário do aparelho projetar som à “voz”.

Entre os critérios para receber a laringe eletrônica na unidade da rede estadual, o diagnóstico de laringectomizada total, além de estar em tratamento no Hospital de Oncologia do Maranhão no Ambulatório de Fonoaudiologia. É necessário ainda que o paciente consiga realizar o manuseio do dispositivo.

Anteriormente, o aparelho era entregue através de doações da Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço (ACBG), mas agora passa a ser disponibilizado pelo hospital. O custo de uma laringe eletrônica varia de R$ 2 mil a R$ 2.500. Os cuidados básicos que o aparelho exige são não deixar molhar, evitar cair no chão, manter a bateria carregada e realizar os ajustes do volume e do grave e agudo, conforme orientação da fonoaudióloga durante o acompanhamento ambulatorial.

O Hospital de Oncologia do Maranhão “Dr. Tarquínio Lopes” é a unidade referência para o câncer no estado. Localizado no bairro Madre Deus, em São Luís, o hospital da rede estadual de saúde é gerenciado pela Associação Brasileira de Entidades de Assistência Social (ABEAS).

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